a saudade é sempre maior deles, como é óbvio. eu sou uma criança crescida, umbilicalmente dependente. meus pais são sempre os deuses da minha vida: ainda acho que meu pai pode resolver tudo, pode dar vida aos que se foram; com ele, todo milagre é cotidiano, é brincadeira de esconder e mostrar. minha mãe tem no sangue essa coisa divina dos grandes heróis: com ela, viver parece fácil, parece que o tempo nunca trouxe nenhuma mazela e que a jovialidade inocente e inconsequentemente eufórica nunca fugiram dando lugar à quietude e ao conformismo próprio dos adultos. eu ainda sou a "pipoca patinadora" (as duas numa só), e o melhor sonho com cabelos tão bem amarrados, que eu viro uma chinesa. eu sou os banhos coletivos da infância (que foram abortados na puberdade - "tá tudo errado, erika" - dizia painho); eu ainda quase sou todo xixi na cama de propósito pra dividir a cama e o cheiro da minha mãe; eu sou maquiagem, perfume francês e todos os quereres de menina-moça. depois ainda sou as cervejadas com eles, as declarações, a honestidade e a quase absoluta transparência (e hoje alcançada). afora todos os sentimentos e lembranças das entrelinhas, eu ainda posso dizer que eles têm o melhor casamento e amor que se pode ter: cheio de carinho, companheirismo e muita sacanagem! é claro que eu trilho o mesmo caminho e mal posso esperar para abraçá-los e nunca mais deixar. eu os amo, também, com o fanatismo e a paixão que devem ser devotos aos grandes. sobre as reticências, vêm meus irmãos e tudo o que os acompanha: pé na cara, xingamento, tanta diferença que o abraço anula e parece abarcar o espelho. pra que desculpas? que trauma, o quê? o amor é tão maior! será que vocês vão ler isso um dia? pra quê?! airla, você não está esquecida. eu te amo também hahaha
mt lindo o texto. teus pais deveriam ler
ResponderExcluir