quando eu comemorei meu aniversário de 5 anos, provavelmente com um vestido, meia calça e sapatos bem escolhidos para a ocasião, eu devo ter recebido as visitas como a moça que eu queria ser: dois beijinhos em cada um, "ah, obrigada, não precisava", quando recebia os presentes (claro que precisava! até hoje precisa! é por isso que eu faço festas). de repente, veio um presente muito especial e inesperado: um casal de coelhos albinos dentro de uma gaiola, dados por meu querido tio anibal e sua esposa (que hoje é ex, ainda bem). logo que meus pais ultrapassaram o fingimento de surpresa pelo presente, me perguntaram qual nome eu daria. eu, muito segura, afirmei: "osvaldo de andrade e anita malfati". eu lembro com muito carinho de uma propaganda que passava na rede globo, em que os grandes escritores brasileiros eram prestigiados. é claro que eu não sabia que oswald de andrade nem anita malfatti eram escritor e pintora conhecidos, mas simplesmente eu gostava da propagada e a tinha toda decorada na minha cabeça e, provavelmente, quando olhei para as carinhas dos meus novos queridos, não arrumei par melhor. enfim, muito feliz com meus novos animais, lembro que fui dormir pensando como o dia seguinte seria divertido. iria soltá-los pelo jardim e segui-los como alice. nãão! claro que não, eu só iria soltá-los e alisá-los até o fim. iria botar o focinho de um com o focinho do outro; cheirar até a asma pedir licença, e amá-los como uma criança, aquela que nunca espera o imprevisível. pois bem, o imprevisível aconteceu. levantei feliz da vida e fui procurar meus novos amigos. percebi anita imóvel, será que estava dormindo? anita não se mexia! buáááá, painhooooooooooooo! anita não se mexe! anita morreu! enfim, osvaldo ficou viúvo. deu-se destino ao corpo já frio de anita, e algumas pessoas relataram uma possível queda da gaiola de um prego que tínhamos colocado na parede da lavanderia. nesse mesmo dia, para curar o meu tão raso luto, fomos para a casa do meu tio: piscina, cachorro, e tudo que eu não tinha em casa. acabei ganhando uma nova "anita". desta vez, uma coelha preta, rara, bonita, grande, uma loucura. eu tinha verdadeira fascinação por bonecas negras, imagina por coelhas! enfim, anita preta fez companhia ao viúvo osvaldo, fizeram vários filhos, cujo destino de adulto eu nunca soube, nem queria saber. meus amigos ali estavam. um dia, voltando do veraneio, corri até a lavanderia e procurei meus coelhos. osvaldo não estava em lugar algum, nem mesmo embaixo da máquina de lavar. anita preta, eu não encontrei no claro. "fugiram", foi o que eu ouvi. hoje não mais.
eu sempre quis ter coelho quando era guri. Hoje não mais.
ResponderExcluirLuinha, adorei o seu blog e com certeza o acompanharei. Quando leio escuto sua voz e isso é o que tem de melhor nele! Te amo.
ResponderExcluiré o que os adultos sempre dizem às coitadinhas das crianças, "fugiram". :(
ResponderExcluirGostoso demais de ler! Escreve mais!
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