ontem foi aniversário de uirá. fiz um jantar, comemos, tomamos vinho e escutamos música. agora, um dia depois, ele dorme do meu lado, sob o efeito pejorativo ou magnífico do vinho, e eu, sob o efeito ambíguo do mesmo vinho, escrevo estas passagens tão sóbrias quanto a ausência do último. para todos os bobos mortais, a primeira grande virtude de um relacionamento é a excentricidade. todo grande amor é marcado por pular as cordas do lugar comum; é o sentimento que só remexe no sono do diferente; é o verde a ser acordado furiosamente por chomsky; é o que a gente conta crendo que o é, e os mais maduros acham que é comum. essa parte é muito importante, realmente. depois vêm as mais profundas (e não perceptíveis - porque calam) vicissitudes. para nós (e pra quem não seria?) são os beijos, o acordar do lado de madrugada (com os mesmos beijos), o deitar abraçado, o "sapato que ainda pisa no teu". uirá é um sonho com os bichos mais doces, é invenção a cada instante, e riso - muito riso. é acordar toda manhã, com um funga-funga odiável; espirro o resto do dia. é 34 anos (porque 3+4 é 7) e isso significa um ano promissor. dar os parabéns e fazer um jantar é, também, comemorar os 2 (22). é sonhar com filhos, olhar berços, carrinhos, roupinhas, sementinhas falhas pelo anticoncepcional. o meu amor é meu, só meu, é barba mal feita, cabelo assanhado, é amor todos os dias, não importa a depilação. é olhar de longe e saber, pelos gestos, o assunto; é decorar as letras e melodias, brincar de quiz master (É CLARO QUE ELE É O QUIZ MASTER DA CASA)! uirá, pra você, o meu (eterno) amor de humano e de bicho, eu tenho todos os melhores animais na minha estante e é por isso que eu te amo com uma natureza, no mínimo, selvagem (que não sirva para o filme, por favor! eca!) hehehehehehe. um beijo, assanhando tua barba feia.
sábado, 17 de julho de 2010
domingo, 11 de julho de 2010
a verdadeira história de osvaldo e anita
quando eu comemorei meu aniversário de 5 anos, provavelmente com um vestido, meia calça e sapatos bem escolhidos para a ocasião, eu devo ter recebido as visitas como a moça que eu queria ser: dois beijinhos em cada um, "ah, obrigada, não precisava", quando recebia os presentes (claro que precisava! até hoje precisa! é por isso que eu faço festas). de repente, veio um presente muito especial e inesperado: um casal de coelhos albinos dentro de uma gaiola, dados por meu querido tio anibal e sua esposa (que hoje é ex, ainda bem). logo que meus pais ultrapassaram o fingimento de surpresa pelo presente, me perguntaram qual nome eu daria. eu, muito segura, afirmei: "osvaldo de andrade e anita malfati". eu lembro com muito carinho de uma propaganda que passava na rede globo, em que os grandes escritores brasileiros eram prestigiados. é claro que eu não sabia que oswald de andrade nem anita malfatti eram escritor e pintora conhecidos, mas simplesmente eu gostava da propagada e a tinha toda decorada na minha cabeça e, provavelmente, quando olhei para as carinhas dos meus novos queridos, não arrumei par melhor. enfim, muito feliz com meus novos animais, lembro que fui dormir pensando como o dia seguinte seria divertido. iria soltá-los pelo jardim e segui-los como alice. nãão! claro que não, eu só iria soltá-los e alisá-los até o fim. iria botar o focinho de um com o focinho do outro; cheirar até a asma pedir licença, e amá-los como uma criança, aquela que nunca espera o imprevisível. pois bem, o imprevisível aconteceu. levantei feliz da vida e fui procurar meus novos amigos. percebi anita imóvel, será que estava dormindo? anita não se mexia! buáááá, painhooooooooooooo! anita não se mexe! anita morreu! enfim, osvaldo ficou viúvo. deu-se destino ao corpo já frio de anita, e algumas pessoas relataram uma possível queda da gaiola de um prego que tínhamos colocado na parede da lavanderia. nesse mesmo dia, para curar o meu tão raso luto, fomos para a casa do meu tio: piscina, cachorro, e tudo que eu não tinha em casa. acabei ganhando uma nova "anita". desta vez, uma coelha preta, rara, bonita, grande, uma loucura. eu tinha verdadeira fascinação por bonecas negras, imagina por coelhas! enfim, anita preta fez companhia ao viúvo osvaldo, fizeram vários filhos, cujo destino de adulto eu nunca soube, nem queria saber. meus amigos ali estavam. um dia, voltando do veraneio, corri até a lavanderia e procurei meus coelhos. osvaldo não estava em lugar algum, nem mesmo embaixo da máquina de lavar. anita preta, eu não encontrei no claro. "fugiram", foi o que eu ouvi. hoje não mais.
sábado, 3 de julho de 2010
sobre meus pais e reticências
a saudade é sempre maior deles, como é óbvio. eu sou uma criança crescida, umbilicalmente dependente. meus pais são sempre os deuses da minha vida: ainda acho que meu pai pode resolver tudo, pode dar vida aos que se foram; com ele, todo milagre é cotidiano, é brincadeira de esconder e mostrar. minha mãe tem no sangue essa coisa divina dos grandes heróis: com ela, viver parece fácil, parece que o tempo nunca trouxe nenhuma mazela e que a jovialidade inocente e inconsequentemente eufórica nunca fugiram dando lugar à quietude e ao conformismo próprio dos adultos. eu ainda sou a "pipoca patinadora" (as duas numa só), e o melhor sonho com cabelos tão bem amarrados, que eu viro uma chinesa. eu sou os banhos coletivos da infância (que foram abortados na puberdade - "tá tudo errado, erika" - dizia painho); eu ainda quase sou todo xixi na cama de propósito pra dividir a cama e o cheiro da minha mãe; eu sou maquiagem, perfume francês e todos os quereres de menina-moça. depois ainda sou as cervejadas com eles, as declarações, a honestidade e a quase absoluta transparência (e hoje alcançada). afora todos os sentimentos e lembranças das entrelinhas, eu ainda posso dizer que eles têm o melhor casamento e amor que se pode ter: cheio de carinho, companheirismo e muita sacanagem! é claro que eu trilho o mesmo caminho e mal posso esperar para abraçá-los e nunca mais deixar. eu os amo, também, com o fanatismo e a paixão que devem ser devotos aos grandes. sobre as reticências, vêm meus irmãos e tudo o que os acompanha: pé na cara, xingamento, tanta diferença que o abraço anula e parece abarcar o espelho. pra que desculpas? que trauma, o quê? o amor é tão maior! será que vocês vão ler isso um dia? pra quê?! airla, você não está esquecida. eu te amo também hahaha
sexta-feira, 2 de julho de 2010
sobre copa, cléo, anakan e marcos
esses dias foram complicados. tive que terminar o primeiro relatório do mestrado e entregar na quarta-feira, o que me consumiu muito tempo. mas agora, além do alívio por uma disciplina morta num saco plástico 'áfrica', veio mais alívio por anakan e marcos (cunhado e sogro, respectivamente) terem obtido muito sucesso em dois problemas de saúde que tiveram ao mesmo tempo. nesse meio turbulento, morreu minha cadelinha mais velha, cléo, que já tinha 16 anos. o dia em que soube, obviamente, foi muito triste, principalmente porque ela morreu sozinha, embaixo da minha cama. mas depois vem alívio, sobretudo por saber que foi enterrada junto de ully e meg, sua familiazinha linda. hoje o brasil perdeu pra holanda, o que foi triste e gana perdeu pro uruguai, o que foi mais triste ainda. ou seja, agora não tenho mais pra quem torcer, tive que colocar gana naquele saco plástico 'áfrica' já referido. agora é o jeito torcer pra argentina, pra ver o p.. de maradona é tão pequeno quanto na foto que eu recebi por e-mail.
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